quinta-feira, 31 de março de 2011

concentrar com o divino

“Mas sentar-se para meditar não é uma disciplina indispensável? E isto não proporciona uma união mais intensa e concentrada com o Divino?”

Pode ser. Mas a disciplina por si mesma não é o que estamos procurando. O que queremos é estar concentrados no Divino em tudo o que fizermos, a qualquer momento, em todos os nossos atos e em todo movimento. Aqui existem alguns a quem foi dito que meditassem; mas há outros também a quem se pediu que não fizessem nenhuma meditação. Mas, não se deve pensar que eles não estejam progredindo. Também seguem uma disciplina, mas de outra natureza. Trabalhar, agir com devoção e consagração interior, também é uma disciplina espiritual. O objetivo final é estar em constante união com o Divino, não apenas na meditação, mas em todas as circunstâncias e em toda a sua vida ativa.

quarta-feira, 30 de março de 2011

meditação e progresso

O número de horas gastas na meditação não é prova de progresso espiritual. É prova de seu progresso quando você não mais tiver de fazer um esforço para meditar. Talvez então tenha que fazer um esforço para parar de meditar; torna-se difícil parar de meditar, difícil parar de pensar no Divino, difícil descer para a consciência comum. A partir de então, você pode estar seguro de ter feito progresso, de ter feito um real progresso, quando a concentração no Divino é a necessidade de sua vida, quando não pode passar sem ela, quando ela continua naturalmente de manhã até à noite, seja qual for o trabalho que estiver realizando. Quer você se sente para meditar ou caminhe para lá e para cá fazendo coisas ou trabalhe, o que se exige de você é consciência; esta é a única coisa necessária – ser constantemente consciente do Divino.

terça-feira, 29 de março de 2011

meditação dinâmica

Penso que a coisa mais importante é você saber por que medita; é isto que proporciona a qualidade da meditação e faz com que ela seja de uma espécie ou de outra.

Você pode meditar para abrir-se à Força Divina, você pode meditar para rejeitar a consciência inferior, para penetrar nas profundezas de seu ser, para aprender como doar-se integralmente; você pode meditar para todos os tipos de coisas. Você pode meditar para entrar na paz, na calma e no silêncio – é isto o que as pessoas de uma maneira geral fazem, mas sem muito sucesso. Mas, você pode meditar também para receber a Força de transformação para descobrir os pontos a serem transformados, para atacar a linha de progresso.

Creio que cada qual possui o seu próprio modo de meditação. Mas, se a pessoa quiser que a meditação seja dinâmica, ela deve ter uma aspiração por progresso e a meditação deve ser realizada para auxiliar e efetivar esta aspiração por progresso. Dessa forma ela se torna dinâmica.

segunda-feira, 28 de março de 2011

concentre-se no centro da aspiração

É sempre melhor tentar se concentrar em um centro, no centro da aspiração, podemos dizer, o lugar onde arde a chama da aspiração, recolher todas as energias ali, no centro do plexo solar e, se possível, conseguir um silêncio atento, como se se quisesse ouvir algo extremamente sutil, algo que exige uma completa atenção, uma concentração perfeita e um silêncio total. E, então, não se mover de modo algum. Não pensar, não se agitar, e realizar um movimento de abertura a fim de receber tudo o que pode ser recebido, mas tomando muito cuidado para não tentar saber o que está acontecendo enquanto estiver acontecendo, pois se a pessoa quer compreender ou mesmo observar ativamente, isto gera uma espécie de atividade cerebral que é prejudicial à integridade da receptividade – ser silencioso, tão completamente silencioso quanto possível, numa concentração atenta, e então permanecer imóvel e tranqüilo.

Se você for bem sucedido nisto, então, quando tudo estiver acabado, quando você emergir da meditação, algum tempo depois - geralmente não é de imediato – do fundo do ser algo novo surge na consciência: uma nova compreensão, uma nova apreciação das coisas, uma nova atitude na vida – em suma, um novo modo de ser.

domingo, 27 de março de 2011

aspiração

Nome científico: Nyctanthes arbor-tristis  
Inumerável, obstinada, repetindo-se a si mesma incansavelmente.



concentração

“O que é concentração?”

É trazer de volta todos os fios espalhados da consciência para um único ponto, uma única idéia. Aqueles que podem conseguir uma atenção perfeita são bem sucedidos em tudo o que empreendem; eles sempre farão um progresso rápido. E este tipo de concentração pode ser desenvolvido exatamente como os músculos; pode-se seguir diferentes sistemas, diferentes métodos de treinamento. Hoje sabemos que mesmo o mais desprezivelmente fraco, por exemplo, pode se tornar tão forte quanto qualquer um. Não se deve ter uma vontade que vacile como a chama de uma vela.

É preciso cultivar a vontade, a concentração; é uma questão de método, de exercício regular. Se você quer, você pode.

Mas, o pensamento: “De que adianta?” não deve ser admitido para enfraquecer a vontade. A idéia de que se nasce com determinado caráter e não se pode fazer nada a respeito é uma estupidez.

sábado, 26 de março de 2011

concentrando a atenção

Para tudo o que você quiser realizar na vida, uma coisa é absolutamente indispensável e a base de tudo: a capacidade de concentrar a atenção. Se você for capaz de reunir os raios da atenção e da consciência num ponto e puder manter esta concentração com uma vontade persistente, nada pode resistir a ela – seja o que for, do desenvolvimento físico mais material até o desenvolvimento espiritual mais elevado. Porém, esta disciplina deve ser seguida de modo constante e, devemos dizer, imperturbável; não que você deva estar sempre concentrado na mesma coisa – não é isto que quero dizer, mas aprendendo a se concentrar.

Por exemplo, a descoberta do ser psíquico, a união com o Divino interior, a abertura para os planos superiores, tudo pode ser conseguido por um intenso e obstinado poder de concentração – mas, deve-se aprender como fazê-lo.

Você pode ser o melhor atleta, o melhor estudante, um gênio artístico, literário ou científico, você pode ser o maior dos santos com esta faculdade. E todos possuem em si mesmos um pequenino princípio dela – isto é dado a todos, mas as pessoas não a cultivam.

sexta-feira, 25 de março de 2011

a aspiração é como uma flecha

A aspiração é como uma flecha. Assim, você aspira, quer fervorosamente compreender, conhecer, entrar nesta verdade. Sim! E então, se eleva diretamente, muito poderosa e então se choca contra uma espécie de...como colocar isto?..tampa que está ali, dura como o ferro e extremamente compacta, e ela não atravessa. E assim você diz: “Veja, de que adianta aspirar? Não dá nenhum resultado. Vou de encontro a algo sólido e não consigo passar!” Todavia, você sabe sobre a gota de água sobre a pedra, que ela acaba por abrir uma fenda: ela fende a rocha de alto a baixo. Sua aspiração é uma gota d’água que, ao invés de cair, se eleva. Assim por força de se elevar, ela golpeia, golpeia, e um dia abre um buraco, por meio dessa elevação; e quando produz a abertura, subitamente atravessa essa barreira e peneira numa imensidade de luz, e você diz: “Ah, agora eu compreendo.”

Quando a pessoa alcança o próprio ápice, não há nada mais a compreender, nada mais a aprender, a pessoa é. E só quando ela é, é que ela compreende e sabe.

quinta-feira, 24 de março de 2011

encontre este algo

Nós podemos, simplesmente por meio de uma aspiração sincera, abrir uma porta lacrada e encontrar...este Algo que mudará todo o significado da vida, que responderá a todas as nossas perguntas, que resolverá todos os nossos problemas e nos conduzirá à perfeição a que aspiramos sem saber, a esta realidade que é a única coisa que pode nos satisfazer e nos proporcionar uma alegria permanente, equilíbrio, força, vida.

Vocês ouviram tudo isto muitas vezes. Vocês têm ouvido isto – Oh! Há mesmo alguns aqui que estão tão acostumados a isto que para eles a coisa parece ser como beber um copo de água ou abrir uma janela para deixar a luz do sol entrar...

Nós tentamos um pouco, mas agora vamos tentar seriamente!

O ponto de partida: querer, verdadeiramente querer isto, precisar disto. O próximo passo: pensar, acima de tudo, nisto. Chega um dia, muito rapidamente, em que a pessoa é incapaz de pensar em qualquer outra coisa.

Esta é a única coisa que importa.

A pessoa formula sua aspiração, deixa a verdadeira oração elevar-se de seu coração, a oração que expressa a sinceridade de sua necessidade. E então...bem, ela verá o que acontece.

Alguma coisa acontecerá. Certamente alguma coisa acontecerá. Para cada um isto tomará uma forma diferente.

quarta-feira, 23 de março de 2011

aspiração e receptividade

A aspiração em cada um, não importa quem seja, tem o mesmo poder. Mas, o efeito dessa aspiração é diferente. Pois, aspiração é aspiração: se você tem aspiração, por si mesma ela possui um poder. Só que, essa aspiração chama para baixo uma resposta cujo efeito é a receptividade. Conheço muitas pessoas assim, que dizem: “Oh! Mas eu aspirei todo o tempo e ainda assim não recebi nada.” É impossível que elas não tenham recebido nada, no sentido de que é certo que a resposta vem. São elas, contudo, que não recebem. A resposta vem, mas elas não são receptivas, portanto não recebem nada...

Quando você tem uma aspiração, uma aspiração muito ativa, ela vai realizar o seu trabalho. Ela vai chamar para baixo a resposta para aquilo a que você aspira. Porém, se você, posteriormente, começar a pensar em outra coisa ou não for atento ou receptivo, nem mesmo notará que sua aspiração recebeu uma resposta. Isto acontece com muita freqüência. Desse modo, as pessoas lhe dizem: “Eu aspiro e não recebo nada, não obtenho nenhuma resposta!” Sim, você obtém uma resposta, mas não esta consciente dela, porque continua a estar ativo dessa maneira, como um moinho girando o tempo todo.

terça-feira, 22 de março de 2011

a chama a o vaso

Você pode estar simultaneamente num estado de aspiração, de volição, que chama para baixo alguma coisa – precisamente a vontade de abrir-se e receber, e a aspiração que invoca a força que você quer receber – e, ao mesmo tempo, estar nesse estado de completa imobilidade interior que permite a plena entrada da Força, pois é nessa imobilidade que a pessoa pode ser impregnada, que ela se torna permeável à Força. Bem, as duas condições podem ser simultâneas, sem que uma perturbe a outra, ou podem alternar tão intimamente que dificilmente podem ser diferenciadas. Mas, a pessoa pode ser dessa maneira, como uma grande chama que se eleva em aspiração, e ao mesmo tempo como se esta chama formasse um vaso, um amplo vaso, abrindo-se e recebendo tudo o que desce.

segunda-feira, 21 de março de 2011

atividade na aspiração

Agora, se você quiser obter uma inspiração verdadeira, uma orientação interior, uma direção, e se quiser ter força, receber a força que o guiará e o fará agir como deveria, então você não deve mais se mover, ou seja – não quero não mover-se fisicamente, mas nada mais se projeta para fora e, pelo contrário, você permanece como se estivesse inteiramente imóvel, mas quanto possível para receber tudo o que vier para você. E é este movimento: ao invés de vibrações que se exteriorizam, há uma espécie de calma, quietude, mas completamente aberta, como se estivesse abrindo todos os seus poros dessa maneira à força que deve descer em você e transformar sua ação e sua consciência.

Receptividade é o resultado de uma perfeita passividade.

domingo, 20 de março de 2011

atividade e passividade na sadhana*

Um movimento é ativo quando você projeta sua força para fora, isto é, quando algo sai de você – num movimento, pensamento ou sentimento – algo que sai de você para os outros ou para o mundo. Passividade é quando você permanece simplesmente como é, desse modo, aberto, e recebe o que vem de fora. Isto não depende absolutamente de estar se movendo ou sentado quieto. Não é nada disso. Ser ativo é projetar a consciência, a força ou o movimento de dentro para fora. Ser passivo é permanecer imóvel e receber o que vem de fora...”Atividade na aspiração”, isto significa que sua aspiração sai de você e se eleva para o Divino – na tapasya, na disciplina que você empreende e quando existem forças contrárias à sua sadhana, você as rejeita. Este é um movimento de atividade.

* (Sadhana = prática ou disciplina espiritual; a prática do yoga.)

prece

Nome científico: Zephyranthes
A auto-doação é a verdadeira prece.



sábado, 19 de março de 2011

três fontes da força vital

Na imensa maioria das pessoas, toda a sua força vital vem de baixo, da terra, do alimento, de todas as sensações. Do aliment... elas absorvem a energia vital do alimento. É vendo, ouvindo, tocando, sentindo que entram em contato com as energias contidas na matéria. Elas a absorvem dessa maneira. Esta é sua alimentação normal.

Já algumas pessoas têm um vital muito desenvolvido, que foi submetido por elas a uma disciplina – e elas possuem uma sensação de imensidade e estão em contato com o mundo e com os movimentos das forças universais. E assim elas podem receber...se num movimento de chamado...elas puderem receber as forças vitais universais, que entram nelas e renovam a dose de energia de que necessitam.

Existem outras, muito raras – ou talvez em momentos muito raros de sua existência individual – que possuem uma aspiração pela consciência superior, pela força superior, pelo conhecimento superior, e que, por este chamado, atraem para si as forças desses domínios mais elevados.

Porém, a menos que a pessoa esteja praticando yoga, uma disciplina regular, normalmente ela não entra em contato com freqüência com esta fonte; ela absorve do mesmo nível ou de baixo.

sexta-feira, 18 de março de 2011

aumentar a receptividade

Como podemos aumentar a receptividade? Por meio do progresso.

Primeiro é preciso saber como se abrir e em seguida, numa grande quietude, saber como assimilar as forças que se recebeu, e não lançá-las fora novamente. É preciso saber como assimilá-las.

Portanto, o progresso depende de um equilíbrio normal, mas progressivo, entre períodos de assimilação – recepção, assimilação – e períodos de gasto, e de saber como equilibrar os dois e alterná-los num ritmo que lhe seja próprio. Você não deve ultrapassar sua capacidade, não deve ficar abaixo dela, porque as forças vitais universais não são algo que você pode colocar num cofre. Elas devem circular. Dessa forma, você deve saber como recebê-las e, ao mesmo tempo, como gastá-las, mas aumentando a capacidade de recepção, de modo a ter cada vez mais as coisas que devem ser utilizadas, que devem ser gastas.

quinta-feira, 17 de março de 2011

receptividade às forças vitais universais

“Doce Mãe, as forças vitais universais possuem algum limite?”

Não creio que as forças tenham um limite, porque em comparação conosco elas certamente são ilimitadas. Porém, é a nossa capacidade de recepção que é limitada. Nós não podemos absorvê-las além de certa medida, e assim devemos manter o equilíbrio entre o gasto e a capacidade de receber. Se a pessoa gasta de repente numa espécie de impulso – por exemplo, num movimento impulsivo – se ela gasta muito mais do que recebeu, ela vai precisar de um breve momento de concentração, de calma, de receptividade para absorver as forças universais. Você deve se colocar numa determinada condição para recebê-las; e então, elas duram por certo tempo, e uma vez que as tenham consumido, devem começar a recebê-las novamente. É neste sentido que existem limites. Não são as forças que são limitadas, é a receptividade.

quarta-feira, 16 de março de 2011

a força vital universal

“Doce Mãe, como a pessoa pode absorver a força vital universal?”
Pode-se fazê-lo de muitas maneiras. Em primeiro lugar, você deve saber que ela existe e que se pode entrar em contato com ela. Em segundo, você deve tentar estabelecer esse contato, senti-la circulando em toda parte, através de tudo, em todas as pessoas e em todas as circunstâncias; ter essa experiência, por exemplo, quando estiver no campo, entre as árvores, vê-la circulando em toda a Natureza, nas árvores e nas coisas, e então entrar em comunhão com ela, sentir-se próximo dela; e sempre que quiser relacionar-se com ela, recordar essa impressão que teve e tentar estabelecer o contato.

Mas as crianças o fazem espontaneamente: quando se entregam completamente a suas brincadeiras, correndo, jogando, pulando, gritando; quando gastam todas as suas energias dessa maneira, elas se entregam totalmente, e na alegria de jogar, de se mover, de correr, elas se colocam em contato com essa força vital universal; elas não sabem disso, mas gastam sua força vital no contato com a força vital universal, e é por isso que podem correr sem se sentirem de fato muito cansadas, exceto depois de muito tempo..

terça-feira, 15 de março de 2011

o esforço proporciona alegria

“Um objetivo dá sentido à vida, dá-lhe um propósito, e este propósito implica esforço; e é no esforço que se encontra a alegria?”

Exatamente. É o esforço que proporciona alegria; um ser humano que não saiba como realizar o esforço jamais encontrará a alegria. Aqueles que são essencialmente preguiçosos jamais encontrarão alegria – eles não têm a força para serem alegres! É o esforço que proporciona alegria. O esforço faz o ser vibrar num certo grau de tensão que lhe possibilita sentir a alegria.

Somente o esforço, em qualquer domínio que seja – esforço material, moral, intelectual – cria no ser certas vibrações que o capacitam a conectar-se com as vibrações universais; e é isto que proporciona alegria. É o esforço que o arranca da inércia; é o esforço que o torna receptivo às forças universais. E a única coisa, acima de tudo, que proporciona alegria espontaneamente, mesmo para aqueles que não praticam yoga, que não têm nenhuma aspiração espiritual, que levam uma vida inteiramente comum, é o intercâmbio de forças com as forças universais. As pessoas não sabem disso, elas não seriam capazes de dizer-lhes que é devido a isto, mas assim é.

segunda-feira, 14 de março de 2011

pague o preço

A todos vocês, que vieram para cá (Ashram de Sri Aurobindo), muitas coisas foram ditas; vocês foram colocados em contato com o mundo da Verdade, vocês vivem dentro dela, o ar que respiram está cheio dela; e, no entanto, poucos de vocês sabem que estas coisas só têm valor se são postas em prática, e que é inútil falar de consciência, conhecimento, igualdade de alma, universalidade, infinitude, eternidade, Verdade suprema, da Presença divina e...de todo tipo de coisas como estas, se não fizerem nenhum esforço para viver tais coisas e sentí-las concretamente dentro de vocês. E não digam a si mesmos: “Oh, tenho vivido aqui por tantos anos! Oh, como eu gostaria de obter o resultado de meus esforços!” Vocês devem saber que esforços muito perseverantes, uma persistência muito firme, são necessários para dominar a menor fraqueza, a mínima trivialidade, a menor sordidez em nossa natureza. De que adianta falar sobe imortalidade se a pessoa está obstinadamente apegada ao passado e ao presente, e se ela não quer dar nada a fim de obter tudo?

Vocês ainda são muito jovens, mas a primeira coisa que devem aprender é que, para alcançar a meta, devem saber como pagar o preço, e que para compreenderem as verdades supremas, devem colocá-las em prática em sua vida diária.

domingo, 13 de março de 2011

se você perseverar

A pessoa tem uma bela experiência e diz: “Ah, finalmente é isto!...” E então ela se estabelece, diminui, fica velada, e de repente algo totalmente inesperado, absolutamente banal e com uma aparência completamente desinteressante surge diante de você e bloqueia seu caminho. Então você diz: “Ah! De que adiantou ter feito este progresso, se é preciso começar tudo de novo? Por que eu deveria fazê-lo? Fiz um esforço e fui bem sucedido, realizei algo, e agora é como se não tivesse feito nada! É de fato impossível.” Isto é porque você não tem nenhuma perseverança.

Se tiver perseverança, você dirá: “Tudo bem. Ótimo, vou começar de novo, tantas vezes quanto for necessário; mil vezes, dez mil vezes, cem mil vezes, se preciso, começarei tudo novamente – mas irei até o fim e nada terá o poder de deter-me no caminho.”

Isto é muitíssimo necessário. Absolutamente necessário.

sábado, 12 de março de 2011

nunca desanime

Você deve dizer a si mesmo: “Com os meios de transporte à minha disposição, devo chegar a tal lugar, mas esses meios não dão condições de ir além. O que devo fazer?...Sentar-me aqui e não me mover mais? De modo algum. Devo encontrar outros meios de transporte”. Isto acontecerá com muita freqüência, mas depois de algum tempo você se acostumará. Você deve sentar-se por um momento, meditar, e então encontrar outros meios. Você deve aumentar sua concentração, sua aspiração, sua confiança e, com o novo auxílio que lhe é dado, fazer um novo programa, desenvolver outros meios para substituir aqueles que deixou para trás. É assim que se progride de um estágio para outro.

Você não deve jamais desencorajar-se ao ver-se diante de uma parede, nunca diga: “Oh! O que farei? Ela ainda está aí.” Dessa maneira a dificuldade ainda estará presente e continuará ali e ainda ali, até o fim. Somente quando você alcançar a meta, é que tudo subitamente cairá em pedaços.

sexta-feira, 11 de março de 2011

muitos golpes são necessários

“Mãe, mesmo quando alguém tenta pensar que é impotente, há algo na pessoa que acredita que ela é poderosa. Por que isto?”
Ah, sim, ah, sim! É muito difícil ser sincero...É por isso que os golpes se multiplicam e às vezes se tornam terríveis, porque esta é a única coisa que pode dissolver a suja estupidez. Esta é a justificativa das calamidades. Somente quando você está numa situação intensamente dolorosa e diante de algo que o afeta profundamente, é que isto faz com que sua estupidez diminua um pouco. Mas, como você diz, mesmo quando há algo que se dissolve, existe ainda alguma coisa que continua no interior. E é por isso que leva tanto tempo...

Quantos golpes são necessários na vida para a pessoa saber até as profundezas que ela não é nada, que ela não pode fazer nada, que ela não existe, que não há nenhuma entidade exceto a Consciência Divina e a Graça? A partir do momento em que ela sabe disso, está acabado: todas as dificuldades se acabaram. Quando se conhece isto integralmente e não há nada que resista...mas até esse momento...E isto leva muito tempo.

quinta-feira, 10 de março de 2011

a razão dos golpes

“Ó Tu que amas, golpeia! Se não me golpeares agora, saberei que não me amas.”                                    
(Sri Aurobindo, Pensamentos e Aforismos)

Todos aqueles que aspiram à perfeição divina sabem que os golpes que recebemos do Senhor em Seu infinito Amor e Graça, são o caminho mais certo e mais rápido para nos fazer progredir. E quanto mais duros os golpes mais eles nos fazem sentir a grandeza do Amor divino.

Os homens comuns, pelo contrário, sempre pedem que Deus lhes dê uma vida tranqüila, agradável e bem sucedida. Em toda satisfação pessoal eles vêem um sinal da Misericórdia; porém, se ao invés disso, eles encontram a infelicidade e o infortúnio na vida, eles se queixam e dizem a Deus: “O Senhor não me ama.”

Em oposição a esta grosseira e ignorante atitude, Sri Aurobindo diz ao Bem-Amado divino: “Golpeia, golpeia duramente, para que eu sinta a intensidade de Teu amor por mim.”

quarta-feira, 9 de março de 2011

prazer e dor

Se você puder enfrentar o sofrimento com coragem, paciência, uma fé inabalável na Graça divina, se puder, em lugar de fugir do sofrimento quando ele vier, entrar nele com esta vontade, esta aspiração de atravessá-lo e encontrar a verdade luminosa, o imutável deleite que se acha no âmago de todas as coisas, a porta da dor geralmente é mais direta, mais imediata que a satisfação ou do contentamento.

Não estou falando de prazer, porque o prazer se opõe constantemente e quase que completamente a este profundo e divino Deleite.

O prazer é um disfarce enganoso e corrompido que nos afasta de nosso objetivo e certamente não deveríamos buscá-lo se desejamos encontrar a verdade. O prazer nos vaporiza; ele nos engana e desencaminha. O sofrimento nos traz de volta a uma verdade mais profunda ao obrigar-nos a nos concentrar para suportá-lo, para enfrentar aquilo que nos oprime. É no sofrimento que a pessoa encontra mais facilmente a verdadeira força outra vez, quando se é forte. É no sofrimento que é mais fácil encontrar a verdadeira fé novamente, a fé em algo que está acima e além de todo sofrimento.

terça-feira, 8 de março de 2011

a verdadeira coragem

A verdadeira coragem, no sentido mais profundo, é ser capaz de enfrentar tudo, tudo na vida, das menores coisas às maiores, das coisas materiais até as espirituais, sem nenhum estremecimento, sem que o coração comece a bater mais rápido, sem que os nervos tremam ou que haja a mais ínfima emoção em qualquer parte do ser. Enfrente tudo com a consciência constante da presença divina, com uma completa auto-entrega ao Divino, e com todo o ser unificado nesta vontade; então, a pessoa pode seguir em frente na vida, pode enfrentar o que for. Eu quero dizer, sem nenhum tremor, sem nenhuma vibração; isto, vocês sabem, é o resultado de um longo esforço, a menos que a pessoa tenha nascido com uma graça especial. Mas isto na verdade é ainda mais raro.

segunda-feira, 7 de março de 2011

conquistando o medo

Um dos melhores remédios para se vencer o medo é enfrentar corajosamente aquilo que se teme. Você é colocado face a face com o perigo que teme e não sente mais medo. O temor desaparece. Do ponto de vista yóguico, da disciplina, esta é a cura recomendada. Em todas as antigas iniciações, principalmente no Egito, para se praticar o ocultismo, como lhes disse da última vez, era necessário abolir completamente o medo da morte. Bem, uma das práticas daquela época era deitar o neófito num sarcófago e deixá-lo ali por alguns dias, como se ele estivesse morto. Naturalmente, ele não era deixado para morrer, de fome ou sufocado, mas ainda assim ficava ali como se estivesse morto. Parece que isto a cura de todo medo.

Quando o medo surgir, se a pessoa conseguir projetar sobre ele a consciência, o conhecimento, a força, a luz, ela pode curá-lo completamente.

domingo, 6 de março de 2011

medo: falta de confiança

"Por que a pessoa sente medo?”

Suponho que seja porque ela é egoísta. uma excessiva preocupação com a própria segurança. Em segundo, aquilo que a pessoa não conhece sempre causa um sentimento de desconforto, que é traduzido na consciência pelo medo.

Mas, acima de tudo, porque ela não tem o hábito da confiança espontânea no Divino.

Se você observar profundamente as coisas, esta é a verdadeira razão. Há pessoas que nem mesmo sabem que o Divino existe, mas se poderia dizer a elas em outras palavras: “Você não tem fé em seu destino” ou “Você não sabe nada sobre a Graça” –  seja lá como for, a raiz do problema é uma falta de confiança.

Se você tivesse sempre o sentimento de que, qualquer que sejam as circunstâncias, é sempre o melhor que acontece, você não teria medo.

sábado, 5 de março de 2011

o medo é uma impureza

    O medo é uma impureza, uma das maiores impurezas, uma daquelas que vêm mais diretamente das forças anti-divinas que querem destruir a ação divina na terra; e o primeiro dever daqueles que realmente querem praticar o yoga é eliminar de sua consciência, com toda força, toda sinceridade e toda persistência de que são capazes, até mesmo a sombra de qualquer medo. Para trilhar o caminho é preciso ser intrépido, e jamais consentir com esse mesquinho, pequeno, fraco e vexatório recuo sobre si mesmo, que é o medo.

    Uma coragem indomável, uma perfeita sinceridade e uma sincera auto-entrega, de modo que a pessoa não calcule ou barganhe, não dê com a idéia de receber, não confie com a idéia de ser protegido, não tenha uma fé que exija provas – é isto que é indispensável para se trilhar o caminho, e é só isto que pode realmente protegê-lo de todo perigo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

a brecha aberta pela vanglória

Em sua relação com os seres humanos, as forças hostis têm um prazer bastante perverso: testá-los. Por exemplo, se você não for extremamente forte e sincero, e disser a si mesmo:”Estou seguro de minha fé” – este é um exemplo entre muitos outros – imediatamente alguma coisa vai tentar abalar completamente a sua fé. Suponho que esta seja a sua diversão, o seu deleite.

Quantas vezes, quando alguém se vangloria...pode ser algo muito infantil...mas quando alguém se vangloria de algo: “Oh, estou certo disso, jamais cometerei tal erro”, eu vejo imediatamente uma formação hostil passando por ali e ela entra pela pequena brecha aberta pela vanglória. Ela entra, dessa forma, e penetra no interior; e então prepara tudo para que você faça exatamente o que não queria fazer. Mas isto é uma diversão, certamente não é para ajudá-lo a progredir. Porém, se você souber como lidar com a coisa, isto o ajudará progredir. Você diz: “Bem, da próxima vez não me vangloriarei”.

quinta-feira, 3 de março de 2011

resposta às forças adversas

"O que fazer diante do ataque de uma força adversa?"

A coisa mais importante a se fazer quando você for atacado por uma força adversa, é dizer a si mesmo: “Sim, a força veio de fora e está lá, mas deve haver alguma correspondência a essa força em minha natureza, porque, de outro modo, ela não poderia ter me atacado. Vou observar e descobrir dentro de mim o que permite que essa força venha e vou repeli-la ou transformá-la, lançar a luz da consciência sobre ela para que seja convertida ou expulsá-la, de modo que ela não permaneça mais dentro de mim...”

Existe um jeito, não é? Quando a força adversa vem, quando ela ataca, a parte dela em mim que corresponde se precipita ao seu encontro, avança. Ocorre uma espécie de encontro. Se, nesse momento, em vez de ser totalmente dominado ou tomado de surpresa ou pego desprevenido, você observa muito atentamente o que foi dentro de você que vibrou (isto soa como tat, tat, tat: uma outra coisa entrou), então você pode apanhá-la. Nesse momento, você a captura e lhe diz: “Fora, você e seus amigos, eu não os quero mais!”

Você expulsa as duas ao mesmo tempo, a parte atraída e a coisa que ela atraiu; ambas são lançadas fora e você fica inteiramente limpo.

quarta-feira, 2 de março de 2011

ataque das forças adversas

Ataques de forças adversas são inevitáveis: você deve considerá-los como
testes colocados no seu caminho e seguir corajosamente.

A luta pode ser difícil, mas quando sair dela, você terá ganhado alguma coisa,
terá avançado um passo. Existe mesmo uma razão para a existência das
forças hostis. Elas tornam sua determinação mais poderosa, sua aspiração
mais pura.

É verdade, contudo, que elas existem porque você deu a elas razão para
existir. Enquanto existir em você alguma coisa que responde a elas, sua
intervenção é perfeitamente legítima. Se nada em você respondesse, se elas
não tivessem apoio em parte alguma de sua natureza, elas se retirariam e o
deixariam em paz.

Em qualquer caso, no entanto, elas não precisam interromper ou dificultar seu
progresso espiritual.

E seja como for, quando ocorrer um ataque, a mais sábia atitude é considerar
que ele vem de fora e dizer: “Eu não sou isto e não tenho nada a ver com isto”.

terça-feira, 1 de março de 2011

abra-se apenas para o divino

“Doce Mãe, o que quer dizer “uma abertura exclusiva de si mesmo ao Poder divino?”

No lugar de abertura de si mesmo poderíamos colocar receptividade, algo que se abre a fim de receber. Portanto, ao invés de abrir-se e receber de todos os lados e de qualquer um, como geralmente se faz, a pessoa se abre apenas para o Divino, para receber somente a força divina. É exatamente o oposto do que os homens normalmente fazem. Eles estão sempre abertos na superfície, recebem todas as influências, vindas de toda parte. Dessa maneira, isto produz dentro deles o que poderíamos chamar de um potpourri de todos os tipos de movimentos contraditórios, os quais criam naturalmente incontáveis dificuldades. É por isso que aqui, vocês são aconselhados a se abrirem apenas para o Divino e a receberem tão somente a força divina, com a exclusão de tudo o mais. Isto diminui quase que inteiramente todas as dificuldades.